sábado, outubro 29, 2005

Inspirações Repentinas


Estar vivendo é visivelmente sem sentido. No entanto, o sentido pode ser vencido pelas formas inusitadas que o mundo toma quando oferece bondades imprevistas. Esses paraísos terrenos são apenas momentos, vislumbres de uma eternidade que a Terra não concede aos seus habitantes. São sonhos sonhados com suor, mundos criados de memória, riso e lágrimas. Esse memorialismo circunscreve as páginas da história de dois amantes. Movidos por lembranças de dias anteriores, cada momento é novo e ao mesmo tempo uma quase repetição dos precedentes. Não há dúvida de que nada é por acaso, só quem tem alguma idade pode entender que as coisas que não tem sentido no presente, farão toda a diferença no futuro. Os sentidos ultrapassam o entendimento que se quer dos acontecimentos. Como uma teia formada atentamente por uma aranha, como sementes que crescendo tornam-se frondosas árvores em jardins particulares, como uma nova vida a formar-se no ventre de uma mulher, os sentidos formam-se sozinhos. O crescimento do minúsculo vai formando modelos do futuro, e o acabamento é minuciosa, delicada e monotonamente secreto, entre um crepúsculo e outro, entre um amanhecer e um anoitecer. A luz é tão forte que tira a compreensão, os olhos fecham-se repentinamente e a visão é pequena para a imensidão do mundo.