sexta-feira, maio 26, 2006

"As Intermitências da Morte"


Um livro fascinante em cada uma de suas partes: Início, meio e fim. Uma narrativa que deixa sem fôlego o leitor, uma fábula surpreendente em todos os seus aspectos. Dificilmente fica-se com tédio ao ler as páginas de Saramago, ao contrário, entra-se, mergulha-se na trama de tal forma, que aquele universo feito de faz de conta torna-se tão palpável que até a morte, personagem principal, parece ter uma concretude perigosa, como se ela habitasse em todos nós e estivesse prontíssima para dar o bote. A morte na ficção de Saramago é alguém com personalidade que tenta mostrar com sua ausência o que aconteceria aos pobres humanos com pretensões eternas. Estalaria o caos e paradoxalmente os mortais já não quereriam a eternidade e pediriam para morrer. A trama é formulada de uma forma tão inteligente que mesmo após ler o livro, ela fica de alguma forma martelando na sua cabeça e o universo passa a ser outro, onde a morte tem um lugar que não pode ser tirado dela, nem que quiséssemos. Ela acaba sendo tão importante quanto a vida ou até mais, pois a tem em suas mãos.