A verdade
Viagens nem sempre são dádivas. Os acontecimentos por eles mesmos não trazem consolo. Concluí que a única resposta à crises indefinidas é a prática da verdade. Não aquela imbuída de insultos e desaforos, mas aquela que deve ser dita com cuidado e singeleza. A verdade pode curar como também pode trazer malefícios que gradualmente vão se tornando bons. A verdade é a virtude do não fingimento, da não falsidade, é o apego a valores maiores do que os que estão aí prontos para serem comprados a preço barato, e dispensados rapidamente quando a verdade os mostra inúteis. Os valores como a etiqueta e os bons modos podem valer para regular comportamentos que não trariam uma humanização da sociedade, mas, a verdade é o valor que reduz os homens e sua cultura em algo tão pequeno que acaba por levar a pensamentos bem mais complexos. A verdade reduz os homens. E é por isso que ela é tão rejeitada. A verdade não ornamenta o mundo, não o sensibiliza, não o mostra tão belo como em festas enfeitadas com balões. A verdade não tem glamour, não tem maquiagem. A verdade é naturalmente natural. É radicalmente real. Ou seja, ela chega no limite e não o prolonga. Ela é o ponto final sem vírgulas de respiração. Ela é a vida em sua nudez, em sua vigília, em sua sonolência de olhos abertos. A verdade abre os olhos, denuncia os crimes, mata a mentira. A verdade é a luz da manhã que adentra os olhos que grudados movem-se tentando enxergar. A verdade é acordar, despertar, depois de um longo sono de ilusão. Ela é o medicamento eficaz para o homem.

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