Sentimentos Fugazes

Musicalidade viva, sensibilidades formosas, pensamentos infindos. O teu ser me invade como o cheiro de terras distantes esplêndidas. Mares imensos, suas ondas a derramarem-se na praia. Areia, seus grãos tão minúsculos, incontáveis. Estou a nadar nessas águas geladas que levam meu corpo, deslizo no líquido brilhante. Reavivo-me ao mergulhar no que não conheço. Desconheço o oceano no entanto sou ele, sou totalmente ele, sou incomparavelmente maior que todos os oceanos existentes, eu o conheço, ele está na palma de minha mão e eu o sinto enquanto ele dorme um sono agitado. Eu posso compreendê-lo embora ele não saiba de minha existência. Me esqueço da profundidade que pode me engolir, pode levar-me à densidades e afundar-me fazendo desaparecer a minha suposta superioridade. Os mares, oceanos, líquidos que tomam a forma que quero, coloco as águas em meus recipientes pré fabricados e eles moldam-se ao meu silêncio. Antes os seus gritos eram ouvidos, hoje, tudo que são está nas formas que os suprimem a serem apenas líquido, sem movimentos, sem ondas, sem barulho. Mesmo assim penso guardar uma relíquia, talvez me traga sorte aquilo que não consigo decifrar, embora nunca o entenda, embora nunca o faça parte de mim, ele está ali dentro de minha casa, me animando a ser como o ele, forte, infinito, com poderes certamente maiores que os meus. Me invada mesmo sabendo que sou efêmera, mesmo sabendo que os líquidos se desfazem em fumaça quando queimados, quando assassinados dentro de fornos quentes. Me invada mesmo sabendo que talvez tudo que tens seja maior do que o meu corpo limitado. Me invada, aumenta minha sede, sacie meus lugares secos e chore a chuva com suas gotas que logo viram enxurradas, logo formam rios, mares, oceanos, logo se tornam em nuvens, e me mostram a vida se refazendo sempre.....sempre...
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