segunda-feira, novembro 07, 2005

Sincronicidade


Continuando a falar sobre eventos sincrônicos. O povo judeu tem estado em meus pensamentos ultimamente, mas como eu comecei a pensar no judaísmo? Bem, sou de família cristã, e as histórias bíblicas sempre estiveram na pauta de meus estudos na igreja e em casa. Ouvi diversas histórias: a criação do mundo, Adão e Eva, Abraão, Moisés, Jonas, o dilúvio, só para citar algumas. O povo judeu segue a Torá que seria o velho testamento. Ou seja, há uma familiarização desde que me entendo por gente. Sempre histórias de superação e esperança. Então, já adulta, na faculdade de psicologia, estudando na mesma sala que um jornalista fotográfico ele me pergunta: Você é judia? Eu, estranhando a pergunta, digo que não. Penso: “Porque será que ele achou que eu era judia?” Pergunto a algumas pessoas a esse respeito e todos dizem que meu rosto tem algo de judeu. Outro evento seguinte: Eu,, sentada na faculdade, rindo e conversando com uma amiga e aparece um homem carioca andando, ele pára subitamente e vem conversar comigo: “ Você parece aquela atriz...” Conversamos um pouco e descubro que ele é judeu!” Pois é, ele fala um pouco dele, de suas realizações, um exemplo vivo de um judeu realizado, na verdade, se realizando em várias áreas. Eu fiquei surpresa. Aquilo não me saiu da cabeça: será que todos os judeus são assim? Ele gostava de literatura, havia escrito um livro com prefácio de Moacyr Scliar, o que, curiosa, descobri que trata-se de um dos autores judeus mais premiados do Brasil, com livros traduzidos para diversos países. Eu fiquei atônita. Como uma curiosa nata, pensei: Vou procurar mais exemplos, ver se minha hipótese tem fundamento. Olha, descobri coisas surpreendentes. Folheando livros na livraria, descubro: Isaac Bachevis Singer. Um prêmio Nobel de literatura, escritor Polonês que escrevia em índiche, língua judaica. Com prefácio nada mais nada menos do que Moacyr Scliar!!!! Engraçado né...então fiquei fascinada pelo escritor, li sua biografia, entrevistas, alguns contos. Ele vem de uma família pobre da Polônia e viu na literatura um modo de vida. Para mim a literatura sempre foi a salvação, sempre me colocou em mundos distintos, como Paul Auster disse: “ Quando alguém consegue viver imerso em suas histórias, o sofrimento desse mundo desaparece”. Isaac Singer tinha um pai que seguia o hassidismo, um tipo de judaísmo diferente do ortodoxo, muito mais místico e com ênfase em histórias. Isaac se tornou um contador de histórias pois herdou a tradição. (e qual tradição não é herdade não é mesmo? Todas). Bem, logo após li alguns livros de Moacyr Scliar e vi que ele parte das leituras de Isaac Singer e faz histórias esplendorosas com esse material imaginário e de pesquisa. Vi que o misticismo está entranhado nesse povo sofrido, mas em grande parte vitorioso em seus empreendimentos. Dê uma olhada nos prêmios Nobel, muitos judeus, muitos! Só prêmio Nobel de literatura são três nos últimos anos. È de se espantar! Algumas personalidades judias: Einstein, Freud, Moreno..é muita coisa...
Eu estou imersa nesse universo e penso ficar ainda por muito tempo. Outro evento sincrônico, foi um amigo meu revoltado com a vida raspar a cabeça e se dizer, brincar, de ser nazista. Eu fiquei atônita: eu aqui admirando os judeus e esse aí um anti-semita nato! Como pode né? Não deixa de ser uma sincronicidade, mesmo que distorcida.