Estrelas de papel

Cordialmente invade o dia, subitamente caminha a aurora. Mínimos sonhos formam-se outra vez. A estrada pedregosa, de inúmeras pedras definidas em pedaços jogados aleatoriamente, a carcaça, a poeira. Dias concatenados de abismos, indefiníveis ventos fazem girar as folhas caídas das árvores gigantescas. O país é outro, o universo é diverso daquele primeiro suspiro. A respiração que deu origem à vida no cosmos. As pessoas como cordões oscilando tempestuosamente. Giram piões, rodando sobre si mesmos, enquanto crianças sorriem de “tamanho invento”. Brincadeiras sustentam afazeres, miúdas fortalezas fixam os pés no chão frio. Olhar o céu, esperança indefinida, inefável. Bondade da chuva caindo, de olhos fechados, pingos lentamente trazem o sentir afável nos olhos, na testa, no caos selvagem do corpo. E ela o espera como aguarda o nascer do sol. Ela prefere o nascer do que o pôr do imenso astro. Esse acabar-se o dia é o fim de uma jornada enorme, surda, fascinante. Quando avisto estrelas de papel, elas são as figuras oscilantes do céu. Brilham, piscando luz. Quero alcançar o instante onde a luz é eternizada. O momento em que não há palavras ou canções de nenhum artista que possa conter em si o tempo do amor.
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