Hell (minha crítica a esse livro francês sobre jovens ricos contemporâneos)

Um livro autobiográfico de uma garota francesa, por sinal, milionária. Reflete valores da sociedade pós-moderna. Uma vacuidade gritante, um vazio que não se preenche com a materialidade e o consumismo. A vida subjetiva da personagem é o seu principal foco no livro. O livro é essencialmente a história de jovens infelizes em um mundo incapaz de consolá-los. Jovens ricos, famosos, endinheirados, nada lhes falta, quer dizer, o que lhes falta é um ideal, tudo, todos os desejos foram realizados, para que viver? A vida é uma luta constante por sobrevivência para milhões de pessoas, mas para esse particular universo em Paris, a vida é uma sucessão de artificialidades que não levam a lugar nenhum, só a imensa vontade de não pensar em nada. A excitabilidade constante é a meta desses jovens que fazem de tudo para viver freneticamente nas aparências de suas marcas, algo comentado repetidamente por Lolita. No entanto, apesar de Lolita fazer parte desse sofisticado mundo, ela gera uma reflexão sofrível sobre a tristeza que a esmaga, apesar de sua constante luta por felicidade. O livro exerce seu papel essencial de denúncia e retrata a juventude rica como um barco afundando cada vez mais em um mar sem peixes, ou seja, sem vida. Eles afogam suas mágoas em bebedeiras infindáveis, em dissimulações impressionantes, em drogas ilícitas e extraordinariamente inebriantes, em sexo promíscuo e na carnalidade sem futuro. Lolita parece dialogar com o leitor, tentando adivinhar suas idéias a respeito desse mundo, afinal quem não pertence a ele não tem idéia da falsidade indiferente e cruel em que está imbuído. Se alguém pensa que por ter dinheiro, freqüentar os melhores lugares, ser bonita e aparentemente saudável, viajar o mundo, é a vida dos sonhos, poderia repensar essa questão após ver que o mais importante falta a esses jovens, são jovens sem rumo, perdidos, impotentes, passivos, reprodutores de comportamentos que a cultura os impõe, não refletem em suas ações, não dão a mínima aos bons modos, jogam pelos ares oportunidades, suas pretensões são módicas e ridículas, se resumem a comprar roupas em butiques famosas, andar em carros caríssimos, namorar rapazes cortejados, usar drogas constantemente e esquecerem de qual o sentido disso tudo.
Melissa Panarello (Cem escovadas antes de ir para cama) é uma jovem siciliana. Ela difere de Lolita por ser um pouco mais reservada, e falar não de sentimentos de seus amigos, mas os dela própria. Ela cria um mundo interior muito rico quando resolve escrever um diário contando as suas repetidas frustrações em busca de um amor idealizado. Essa jovem tem 15 anos, e ainda não encontrou qual o seu ideal. É alguém em busca desenfreada por prazer. Aliás, um tema a ser discutido: o hedonismo. O prazer imediato parece ser o seu lema. Não qualquer prazer, mas o prazer essencialmente carnal. O importante a se observar nesse livro é a relação de Melissa com seus diversos pretendentes e amantes, como é a subjetivação de suas experiências emocionais com esses homens que ela sabe intuitivamente que não a amam e nunca amarão? Qual o universo simbólico criado por Melissa para descrever seus pontos fracos, suas dores, suas alegrias? O respeito ao seu corpo é algo que ela fala muito. A beleza, a ternura, a inocência, o descobrimento do outro, os pensamentos ilusórios, cultivados repetidamente a cada experiência. Seus sonhos, seus anseios, sua linguagem. É importante ver como paulatinamente Melissa perde seu ar de menina e imerge em mundo que despreza. Melissa e Lolita tem em comum essa particular intuição de que o sofrimento bate a porta, cabe a elas não atenderem aos inevitáveis pedidos, no entanto, elas parecem gostar da flagelação como se encontrassem aí a materialidade, não querem o invisível, um sentimento abstrato, querem o concreto, o toque, os sentidos. O sentir, o amor a flor da pele. Porque Lolita e Melissa escolhem o caminho do sofrimento?
Melissa Panarello (Cem escovadas antes de ir para cama) é uma jovem siciliana. Ela difere de Lolita por ser um pouco mais reservada, e falar não de sentimentos de seus amigos, mas os dela própria. Ela cria um mundo interior muito rico quando resolve escrever um diário contando as suas repetidas frustrações em busca de um amor idealizado. Essa jovem tem 15 anos, e ainda não encontrou qual o seu ideal. É alguém em busca desenfreada por prazer. Aliás, um tema a ser discutido: o hedonismo. O prazer imediato parece ser o seu lema. Não qualquer prazer, mas o prazer essencialmente carnal. O importante a se observar nesse livro é a relação de Melissa com seus diversos pretendentes e amantes, como é a subjetivação de suas experiências emocionais com esses homens que ela sabe intuitivamente que não a amam e nunca amarão? Qual o universo simbólico criado por Melissa para descrever seus pontos fracos, suas dores, suas alegrias? O respeito ao seu corpo é algo que ela fala muito. A beleza, a ternura, a inocência, o descobrimento do outro, os pensamentos ilusórios, cultivados repetidamente a cada experiência. Seus sonhos, seus anseios, sua linguagem. É importante ver como paulatinamente Melissa perde seu ar de menina e imerge em mundo que despreza. Melissa e Lolita tem em comum essa particular intuição de que o sofrimento bate a porta, cabe a elas não atenderem aos inevitáveis pedidos, no entanto, elas parecem gostar da flagelação como se encontrassem aí a materialidade, não querem o invisível, um sentimento abstrato, querem o concreto, o toque, os sentidos. O sentir, o amor a flor da pele. Porque Lolita e Melissa escolhem o caminho do sofrimento?
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