sexta-feira, maio 26, 2006

Varsóvia


A Polônia..ontem fui até o Cine Brasília assistir a um filme passado em Varsóvia. Uma comédia feita em 1981! Imagina, nem ao menos tinha nascido nessa época, nasci em Setembro de 1982! As pessoas bateram palma ao término da sessão! Na verdade, cheguei após alguns minutos do início, e tentei entender o filme..estava sonolenta, mas definitivamente queria estar ali, Varsóvia foi a cidade onde Singer viveu boa parte da Infânica, e aquele universo certamente influenciou seus escritos. A história fala sobre um homem que acha estar acima de enganos, é tripudiado por bandidos que o enganam direitinho afim de roubar o banco que pertencia a ele. Em alguns momentos é engraçado...uma moça o seduz e ele cai direitinho, e ela é na verdade um dos que planejam enganá-lo, leva-o até um apartamento. Quando descobrem o dinheiro em sua casa, ele diz que não estava roubando nada, que estava com a moça, quando chegam ao apartamento, ele está redecorado, e não há ninguém que se assemelhe à moça, outros moradores dizem que ele deve estar louco...ao final ele é preso. Acho que trata-se justamente de como somos facilmente enganados por pretendermos ser mais espertos do que os outros..lembrei de um conto de Singer chamado "Gimpel, o bobo", começa assim " Eu sou Gimpel, o bobo. Não acho que eu seja bobo. Ao contrário. Mas é assim que me chamam. Me deram o nome quando eu ainda estava na escola. Eu tinha sete nomes ao todo: imbecil, burro, cabeça oca, avoado, rabugento, besta e bobo. O último pegou." O conto é engraçadíssimo e conta as peripécias de Gimpel que acredita em tudo que dizem. Acho que todos somos uns bobos. Acreditamos, às vezes, em tudo que nos dizem...é bom pensar nisso..

"As Intermitências da Morte"


Um livro fascinante em cada uma de suas partes: Início, meio e fim. Uma narrativa que deixa sem fôlego o leitor, uma fábula surpreendente em todos os seus aspectos. Dificilmente fica-se com tédio ao ler as páginas de Saramago, ao contrário, entra-se, mergulha-se na trama de tal forma, que aquele universo feito de faz de conta torna-se tão palpável que até a morte, personagem principal, parece ter uma concretude perigosa, como se ela habitasse em todos nós e estivesse prontíssima para dar o bote. A morte na ficção de Saramago é alguém com personalidade que tenta mostrar com sua ausência o que aconteceria aos pobres humanos com pretensões eternas. Estalaria o caos e paradoxalmente os mortais já não quereriam a eternidade e pediriam para morrer. A trama é formulada de uma forma tão inteligente que mesmo após ler o livro, ela fica de alguma forma martelando na sua cabeça e o universo passa a ser outro, onde a morte tem um lugar que não pode ser tirado dela, nem que quiséssemos. Ela acaba sendo tão importante quanto a vida ou até mais, pois a tem em suas mãos.