sábado, julho 08, 2006

Tentáculos Reais


(Budapeste)

Nos sonhos, ainda sentimento
Guardião de sorriso, fio de
Neblina, promessas empoleiradas de fadiga

Livros empoeirados de letras
Vencidas, em estrofes de amêndoas,
- e o incrível, logo ali, ainda ginga.

Estações desbotadas de folhas,
O mofo nos olhares,
As nuances de sombras,
Dedos eclesiásticos

Os homens não podem sair da teia líquida,
Das operetas de cetim,
Enclausurados
Em sempre
Estrábicos
De Sinestesia
Não querem sair,
Entretidos de faro

No real, não mais exaltação
A velocidade não
Ultrapassa suspiros
E a razão mais irracional,
A de não sentir,
Atola os pés dos infantes
Sem cavalos

Roncos de Maresia
A cabeça pende
Enquanto os muros de Noir cedem
Aterrada de existência
Há nada entre
Os espaços dos meus sonhos

As coisas velhas não têm pressa
O sol dói mais que a lua dentro de mim
Escura de Realidade
Urgentemente
Descanso meus pés
Na linha tênue
Do penhasco.
(Carla Andrade)

sexta-feira, julho 07, 2006

"Le rêve est une seconde vie"



( Trish Biddle)


Encontrei um livro " Seis passeios pelos bosques da ficção" de Umberto Eco
"Se os mundos ficcionais são tão confortáveis, porque não tentar ler o mundo real como se fosse uma obra de ficção? Ou, se os mundos ficcionais são tão pequenos e ilusoriamente confortáveis, porque não tentar criar mundos ficcionais tão complexos, contraditórios e provocantes quanto o mundo real? (Protocolos ficcionais, pg123)

quarta-feira, julho 05, 2006

Prisma às avessas


"Sou um prisma às avessas
as cores em mim se confundem
Sou um tapete de ecos
Uma cachoeira de gritos
Uma cordoalha de muitos tempos

A esfera das lantejoulas
-passado presente futuro-
roda refletindo mil sóis

Sou essa colméia de incêndios
essa assembléia de sinais
Esse rumor insone".

(Rio de Janeiro, 26/02/1980, Hélio Pellegrino)

segunda-feira, julho 03, 2006

Sunshine


Meu querido filho Ignatz,
Partiu em segurança da casa onde nasceu, para realizar o objetivo de sua vida, tornar-se juiz, para criar leis como fez Moisés, para fazer justiça o como o Rei Davi, e exercer o poder que Deus nos proibiu, do qual, talvez, nos protegeu por milhares de anos, nesse novo mundo você terá sucesso pois tem conhecimento, o estudo sempre foi o nosso dever religioso como judeus. A nossa exclusão da sociedade nos torna adaptáveis a outras, e capazes de sentir a ligação entre coisas diversas. Mas se achar que tem poder, estará enganado. Se achar que tem o direito de estar à frente dos outros porque você pensa que sabe mais estará errado. Nunca se deixe levar pelo pecado da vaidade. A vaidade é o maior dos pecados, a fonte de todos os outros, nunca abandone a sua religião, Deus está presente em todas as religiões. Mas se a sua vida for uma luta por aceitação, será sempre infeliz. A religião pode não ser perfeita, mas pode ser um barco estável, para conduzi-lo à outra margem. A vida é um barco à deriva equilibrado pela incerteza. Sobre as pessoas que julgará, saiba que tudo que fazem é lutar para ter segurança. São pessoas, como nós. Portanto, nao as julgue pela aparência, ou boatos. Não confie em ninguém. Examine tudo você mesmo. Não faça o mesmo que o poder. Despreze as patentes. Não ostente o que é seu. Possuir bens e propriedades nada significa. Bens e propriedades podem ser consumidas pelo fogo, carregados pela inundação, levados por políticos. Não assuma o que não conhece, isso causa ansiedade que pode adoecê-lo. Pratique a disciplina.
Como todo meu amor,
Seu pai,
Emanuel Sonnenschein

( Filme sobre uma família judia-húngara)