segunda-feira, outubro 26, 2009

Alice


"Estou ansiosa para assistir a nova versão de Alice no cinema."

Sabe, eu gosto de falar sobre conceitos. A vida é feita de conceitos, de percepções sobre a mesma coisa. Quando você diz que tem determinado conceito sobre algo específico, acaba por dar um veredicto sobre si mesmo. Quando eu digo que estou com vontade de assistir a nova versão de Alice no cinema, essa fala acaba sendo histórica. Fala sobre que tipo de pessoa sou eu, e porque eu me interesso por esse tipo de filme. Talvez alguém que esteja ansiosa para ver um filme infantil seja por demais fantasiosa. Mas alguém que esteja realmente a par dos filmes sobre Alice, e sobre sua tragetória no cinema, alguém que tenha lido a essa história não tão infantil assim, e tenha conhecimento de fato dos acontecimentos do livro, pode ter um outro " conceito" da minha pessoa. Por exemplo, essa segunda pessoa, diria que eu devo ser um tipo de intelectual acadêmica, que se interessa pela física quântica, ou pela psicologia envolvida em uma história não tão simples assim, que pode até ser considerada para adultos. Uma história feita por um matemático para entreter crianças de sua época, com mistérios e enigmas dentro da ficção.
Viu, como os conceitos mudam?
Sartre dizia que "o inferno são os outros", um outro pensador diz " toda unanimidade é burra", olha que contradição! Porque Sartre tem o conceito de que talvez o céu seria que todos pensassem parecido, mas já que todos pensam diferente de mim, os problemas existem, e acaba que o inferno é esse acúmulo exarcebado de opiniões diferentes. Agora, vem outro pensador, e diz que a unanimidade não é o céu, que na verdade os diferentes conceitos enriquecem o mundo!
Imagina, em que conceito eu estou? Isso me intriga, porque eu não concordo com Sartre, e também não concordo com esse segundo pensador. Mas tendo a fazer uma amálgama dos dois pensamentos, e digo que o céu e o inferno estão baseados nos conceitos que as pessoas têm do que é céu e o que é inferno.
Para mim o céu é saber que os outros podem não ser o inferno, e que a unanimidade nem sempre é burra. Talvez o meu céu e o meu inferno sejam relativizados pelo meu conceito de que os conceitos trazem tanto a aceitação dos outros como os preconceitos pelos outros. De que os conceitos são formas de ver o mundo que habitamos, e que podem ser eivados de virtudes ou de vícios a depender do nosso conceito sobre o mundo.
Fui clara?

O fusca


Lendo sobre carros, eu? Sim, os carros começaram a me interessar por algumas questões muito óbvias: a forma como funcionam, seu design, sua funcionalidade, sua rapidez, sua potência.
Todas essas coisas que envolvem a minha concepção de porque há carros, e porque muitos reverenciam seus motores e beleza me fizeram escrever esse texto.
Descobri a pouco tempo, que o fusca foi desenhado e projetado por um engenheiro judeu. Novidade? Bem, para mim é uma grande novidade mas não tão novidade assim, já que esse povo é aclamado pela sua criatividade e inteligência. Até o fusca? Sim, nem o fusca esse carro tão interessante e amado por tanta gente, escapou não de uma ajudinha, mas de todo o projeto feito por um judeu.
Eu fico espantada, e agradecida por esse povo ser assim. Se eu tenho um sonho de consumo, e olha que tenho poucos, é ter um beatle, a nova versão do fusca.
Eu sou apaixonada por essa versão moderna do antigo. Eu me considero antiga, bemmmmmm antiga para os padrões pós modernos, mas essa novidade me pegou em cheio, e me conquistou. É um carro muito bonito, cheio de classe, e eu não o considero antiquado para meu padrões, nem para os padrões de niguém. Existem as pessoas saudosistas que voltaram a idolatrar o fusca. Bem, talvez, não idolatrar, mas o encher de honrarias, acabam por comprar um fusca, pintá-lo com versões de "Se meu fusca falasse" e colocar nele toda sorte de apetrechos. Usá-lo como carro de luxo. È muito legal isso de colocar o fusca como um intermediário entre o novo e o velho. Eu amo isso. Sempre gostei de coisas velhas e que fossem também modernas. Mas, eu não compraria um fusca para enfeitá-lo. Compraria a nova versão. Quer dizer, não tão nova assim...já que surgem carros novos todos os anos, e esse já pode ser considerado antigo para os padrões atuais.
Mas eu acho que certas coisas por mais velhas que sejam, nunca podem ser consideradas antigas...entendeu? Quer dizer, que há coisas, que nunca serão arcaicas nem que se passem 1000 anos. E uma dessas coisas, com certeza, para mim, é o fusca, o novo beatle.